Era capaz de o comprar

"Enquanto esta música durar és só minha."

Não conheço a autora*, nem nunca li o livro. A capa é horrorosa...

Mas adorei o título.

* mas deve ser boa pessoa de certeza, já que é uma Margarida (Brum) como eu :)

abençoados sejam os responsáveis pelo desporto escolar

que à custa deles poupei hoje uma hora de latim... :)

de qualquer maneira, e porque até foi giro, aqui ficam as fotos:

"Não se nasce líder, aprende-se"

"Há quem diga que para ser um líder, terá que ter já características inatas para exercer tal cargo. Mais, há também quem diga que ser líder é um processo que resulta de uma aprendizagem bastante motivada. Neste âmbito o cérebro tem muita importância. A inteligência emocional depende dos circuitos que ligam os lobos pré frontais do cérebro (que contêm os centros de decisão) ao sistema límbico, o qual controla os sentimentos, os instintos e os impulsos. Aprender a ser líder não é de todo impossível, agora ser carismático, é um processo intrínseco, que junta factores da personalidade do individuo com factores situacionais e comportamentais, é uma concepção que é produto de uma característica do individuo, que inspira confiança nos outros a apoiar as suas ideias e convicções, de forma voluntária e espontânea."

quem o diz é o sr. Tiago Alexandre Lopes R. Lino (Psicólogo Clínico e de Aconselhamento pela Universidade Autónoma de Lisboa) na sua monografia de final de curso.

Ou eu tenho um sistema límbico hiper desenvolvido, ou ninguém quer ter trabalho nos ensaios com os miúdos lá da escola.

Quando for grande....

... quero poder dizer qualquer coisa parecida com isto.

Fui eu que fiz (com muita cola)

Digamos que este fim de semana os trabalhos manuais estiveram em alta...

Olhem o barco de papel para a festa de final de ano dos meus miúdos...

Agora só falta:

. arranjar o resto do cenário
. fazer os peixes, polvos, baleias, golfinhos, conchas, lulas, algas, tubarões, raias, búzios e etc.
. arranjar o mar
. ensinar a canção aos miúdos
. ensaiar as entradas e saidas de palco, como usar os adereços, e assim
. corrigir 100 testes
. ver 100 auto-avaliações
. preencher qualitativamente 100 avaliações do 3º periodo
. dar atenção em casa
. estar sempre bem disposta e tratar do homem em condições
. conseguir dormir
. tentar ler um livro qualquer, tocar alguma coisa
. ter vontade de sair, de me divertir

e (se possível) chegar ao fim do ano lectivo ainda com alguma energia.

Eu e a bricolage

digam lá que o armário até ficou bonito... :)

tadinhos...

Estão oficialmente prontos os testes, as grelhas de correcção e as auto-avaliações dos meus alunos...

Até esfrego as mãos... :)

Segurança social

Há uns tempos recebi um papel da segurança social a pedir uns documentos, e como boa rapariga que sou, lá fui eu deitar fora uma hora e meia da minha vida, meter-me na fila, e entregar os papéis.

Será de mim ou há falta de energia naquelas secções? As sras falam para nós como se só tivessem força para dar o suspiro final, como se estivessem em greve de fome ou uma coisa assim. Nem sequer olham para a nossa cara para saberem o que queremos... Até parece que nos estão a fazer o favor de nos atender (o que até acredito qu aconteça com aquelas pessoas que estão lá batidas todos os dias para o rendimento mínimo/de inserção/ou lá o que é).

Agora, eu, que só ia entregar uns papéis, e até cheiro bem e tudo... não olha para mim porquê? para a próxima a minha vontade era telefonar e mandar os documentos por fax e estava resolvido.

enfim, o certo é que saí de lá com os documentos entregues e sem saber muito bem o que lá fui fazer, e para o que é que eles vão servir.

Fui à feira do livro

e vi um livro muito especial. Este aqui em baixo:

Foi a minha avó que mo deu, aí de certeza há mais de 15 anos.

Não sei o que fiz ao meu, mas adorei ve-lo hoje lá no expositor.

Situação constrangedora...

Vinte crianças dentro de uma sala, recém chegadas da aula de educação física. Mais de metade delas queixa-se que faltam coisas no estojo, na mochila... Posters das chiquititas, autocolantes, canetas e cola, etc... Enfim, fiz uma lista de todos os objectos desaparecidos no quadro, e esclareci os miúdos que até ao fim da aula ia tudo aparecer.
Tentava eu começar a aula, quando se instala um motim, todos os miúdos a apontarem o dedo a uma outra, acusando-a de ter roubado tudo o que tinha desaparecido.
Eu comecei com o meu discurso de que é muito feio acusar os outros, e de que devemos ter sempre provas para podermos apontar o dedo a alguém e blá blá blá...
Até que um puto mais inteligente disse: - "Prof. eu tenho a prova, não pode ter sido nenhum de nós porque estávamos na aula de ed. física, só a xxxxxxx é que ficou cá dentro porque não fez aula, portanto foi ela!".
Eu ainda tentei explicar que eles não eram a única turma dentro da escola, e que poderia ter entrado qualquer pessoa lá dentro, mas eles continuavam a achar que tinha sido ela.
E eu não tive outra opção, perguntei-lhe se ela o tinha feito, e ela disse que não. Então eu disse-lhe que, se dizia a verdade, não se ia importar de abrir a mochila e mostrar aos outros meninos que não estava lá nenhuma das coisas escritas no quadro, e ela concordou.
E estava lá tudo o que tinha desaparecido, apesar de ela insistir que não sabia como lá tinha ido parar.





Não percebi, fui procurar informação e...



"Há casos em que a criança furta um objecto que o colega tem e que ela também gostaria de possuir, mas que, por algum motivo, não possui. Nessas circunstâncias, a criança furta levada pelo prazer imediato de ter aquilo que deseja, sem avaliar as consequências a longo prazo, nem para si mesma, nem para a criança de quem subtraiu o objecto. Para ela, parece ser a única forma, ou a mais fácil, de usufruir de algo que quer. Casos dessa natureza requerem uma actuação dos pais no sentido de explicar à criança que ficar com aquilo que os outros têm não é a melhor forma de conseguir o que se deseja. Uma boa medida seria os pais ajudarem a criança a encontrar uma forma de ganhar o objecto: economizando a mesada, fazendo uma tarefa extra em casa ou outra solução que valorize o esforço da criança para obter o que quer. Também é importante que a criança devolva ao colega aquilo que lhe tirou. Esse tipo de situação geralmente envolve crianças pequenas, e pais e professores devem agir de maneira clara, mostrando à criança as consequências de seus actos, para que ela aprenda a forma adequada de agir."

isto diz a psicóloga - concordo, parece-me bastante simples e lógico - mas tentar explicar isto aos pais de uma criança, quando se trata de uma família daquelas pouco funcionais... daquelas em que a miúda leva de certeza uma tareia de meia noite, e está o assunto resolvido.

Sr. Bruno

Acho que começou na semana passada, mas só consegui ver hoje.



É ácido, mas gostei.

Quando pensamos que já vimos tudo...

Ir às compras com homens:





. resmungam sempre no início, mas depois até alinham no sacrifício;

. gostam de levar peças iguais (para parecer que andam sempre com a mesma);

. nunca variam nas cores (azul, castanho e cinzento criando combinações entre elas)

. são esquisitos e fazem aquelas caras quando propomos uma cor que fuja a estas ultimas 3;

. experimentam tudo por cima de tudo e não as peças em separado;

. quando experimentam alguma t'shirt, pólo ou camisa que não gostam particularmente, encolhem os ombros e parece que engoliram algum garfo;

. a nossa opinião é mais importante que a deles - se nós acharmos que estão bem, eles confiam. (isto só se aplica quando são coisas das 3 cores acima, porque se achamos que aquela camisa roxa fica bem, eles não acreditam);

. têm a lata de no fim ainda dizerem que as gajas vão gostar.


Mas o melhor, mesmo melhor... é ver as figuras que ele faz dentro do provador... :)


Quais crianças que eles são, até karaté há lá dentro, que isto uma pessoa não pode ter os movimentos presos, não vá ser preciso lutar com alguém no caminho até casa... :)

Conversas de colegas

- Hoje fiz um barco de papel com os miudos para mimar um canção que falava de uma barca.

- E então, eles gostaram?

- Sim, queriam fazer um barco com cartolinas, para ficar grandalhão.

- Viste os Clã na queima do porto? Eles tinham um barco desses com aviões de papel lá dentro...

- Não por acaso não vi, e ainda bem que não fizemos o barco grande, que os miudos teimavam que os barcos de papel não flutuam, e se experimentassem com um tão grande eu talvez perdesse a aposta que fiz com um deles.

- E que aposta foi essa?

- Eu apostei que o barco não afundava, e o miudo disse que hoje era dia de tomar banho, e que por isso eu ia perder a aposta.

:)

Amor - uma coisa importante

Acho cada vez mais importante ter e manter uma boa relação amorosa. Porque as pessoas sem amor ficam amargas, perdem a noção de como algumas coisas podem ser ridiculas e perdem aquela sensação do "ah, que momento perfeito", "estou mesmo bem, não podia ser melhor". Eu não pensava assim, achava que ter algum sucesso na vida, pessoal ou profissional, passava muito longe e nada proporcional a ter um amor, um namorado, um amigo colorido ou "seja o que for que de vez em quando nos aquece os pés". Mudei de ideas - basta existir uma pessoa que se encaixe nesse perfil, que ao estarmos felizes com ela, desencadeamos um montão de novos sentimentos, forças, acções, coisas boas. É como se o amor (ou a paixão, porque estou a pensar na possibilidade de não sermos correspondidos) nos desse aquelas vitaminas para pôr em prática, coisas que sozinhos não faríamos: ser menos desleixado, voltar a estudar, voltar ao ginásio, sei lá. E eu nunca me tinha apercebido que esta "energia do amor" era tão importante. Porque se estamos sozinhos não fazemos grande coisa, e se não fazemos grande coisa acabamos por deprimir mais e fazer menos ainda, e ficamos mais teimosos e carrancudos, o que não atrai muita gente. Felizmente não é o meu caso (que para alem de amor tenho alguns amigos) mas conheço pessoas que vivem exclusivamente para trabalhar e refugiam-se no trabalho para poderem estar sozinhas e serem negligentes à vontade. E não há nada que atraia mais a negligência do que a negligência alheia. Portanto espero continuar a ter muito amor para dar... e que me possam ainda dar muito. E que possa eu morrer antes que ele se acabe em mim.

(que não quero nunca estar só, nem ser triste e amarga)

Até logo

E agora até logo, que vou ali ao Imaginarius (não ao imaginarium, mas ao teatro de rua).

Queria que fosse simples como esta canção

"Vem quebrar o medo, vem

Saber se há depois

E sentir que somos dois,

Mas que juntos somos mais"

homens...

Os homens com sentido de humor são tramados...

Se o meu rapazola me fizesse uma destas (e era bem capaz), não sei como reagiria...

Provavelmente recebia a mensagem e comprava a consola, mas não o deixava jogar logo, só para o castigar um bocadinho.

ai que eu sou tão má :)

a prenda mais linda que eu ja fiz

Encontrei uma caixa cheia de selos antigos cá em casa. Decidi descolar todos os que fossem diferentes e oferecê-los a um apreciador, que ainda por cima faz anos por esta altura.

Eis o modelo:

vestidinhos bons, bonzinhos, e horrorosos

E vai daí, passou me pela cabeça uma onda de tertulia cor de rosa individual, e decidi soltar aqui as minhas críticas (que é como quem diz invejas) a estas senhoras.





As mais bem vestidas da noite








Sim senhor, boa escolha. Clássico, simples e elegante. Não se exigia mais de uma fadista. Provavelmente o vestido mais "vestível" da noite.








Também gostei da fatiota destas meninas. Assim uma coisinha simples cai sempre bem a quem tem 40 Kg, não tem celulite, não tem barriga nem mamas nem rabo, nem coxas, nem nada (que pontada no cotovelo que me deu agora!)




Ora bem, Dª Soraia não tem barriga, mas tem mamas, coxas e rabo, e mesmo assim consegue ficar maravilhosa neste vestido. Apontam-se duas possíveis razões:
. vestidos pensados e desenhados por estilistas fazem milagres
. é mais alta do que parece e daí nao parecer estar nada fora do lugar.

Não gostei de estar durante a festa toda a arranjar o decote, quem leva as mamas de fora, tem de andar com elas de fora a noite toda. (cotovelo em chamas)


Aquelas que, pronto, podiam estar melhor




Vanessa, filha, que eu ate gosto de te ouvir, que nem pareces uma gaja burra nem nada... A cor está bem, mas que guardanapo é esse aí à frente? Logo tu que és tão gira e natural...









"Náo tanhu nádá mas tanhu tanhu tudo..." Se agora não tens tudo é porque não queres, rapariga...

não fossem as mamas que se seguram sozinhas e esse vestido seria horrivel.




Rapariga, com um homem desses ao lado... tssss tsss... cor bonita para uns cortinados la de casa...







As horríveis





Minha senhora, está óbvio de mais, assim a atirar para o vulgar. ( E desta vez não é do cotovelo, é do fundo do aparelho do bom gosto que lhe digo)

No próximo ano venha de bikini, que já estamos a contar.









Ora bem aqui só dá para comentar bochechas, e eu ainda não percebo de plásticas, mas continuo a achar que o cirurgião devia estar bebado ou drogado ou qualquer coisa do género, que isto não é serviço que se faça, nem á Manela.










A Sra da esquerda é a noiva, a da direita deve ser a madrinha.












Haloween Guidita? Empresta o tecido a mais à floribela... :)







E se acham que eu sou assim muito má nestas coisas, passem por aqui.

*todas as fotos de Cláudia Lima da Costa.

**vou tentar não trincar a língua hoje.

Jorge Palma, Herman José e o globo de ouro

Eu que só queria ver os globos de ouro para ver os vestidos e as jóias das moças... mas quem viu, de certeza aponta o verdadeiro espectáculo - Jorgito a receber o globo por melhor interprete individual. Não fosse o Herman, e teriamos 5 minutos de "Hum... finalmente... Isto é pesado..."

Estavas bem bonito Jorge, um bocadinho decadente, mas eu continuo a gostar da tua música.

E de ti, mesmo todo quinado em dia de festa chique.



Coitadinha da Babi. Acho que houve ali alturas em que ela teve muito medo :)

Ontem fui a Évora

Évora é longe como o caraças.








Já lá tinha ido algumas vezes e gostei de lá voltar. A metereologia é que podia ter ajudado mais.









Gosto da simplicidade das cidades do interior, parecem autênticas. Muitos velhotes.

Fui à horta das figueiras e continuo desemprecariada.












Taxistas discutiam na praça do giraldo e é sempre engraçado ver taxistas a discutir.








Tomei café na esplanada com guardanapos e pombos à mistura - amanhã a rinite bate à porta.












E acima de tudo, estava feliz, porque revi uma grande amiga.

Dia da Europa

Eu queria era ir para as ilhinhas deste país...

Se houver um Pai Natal da Europa, ele que me traga esta prenda adiantada, que eu estou semi- desempregada (ou melhor desemprecariada) há oito dias e não tenho salário (i.e. estabilidade económico-financeira) suficiente para lá ir...

mas a quem é que eu dou aulas?

digam-me lá, para a festa de final de ano lectivo, cujo tema é o ciclo da água,

• qual é a piada de pôr miudos de 7 anos a cantar o tema do high school musical?


• e qual a piada dos de 8 anos cantarem a Umbrella da Rihanna?
  
  

Ah, e depois ficam muito admiradas por eles se portarem "à morangos com açucar", serem muito precoces, repondões e tal.. Pudera, quando são as próprias profs a pensarem neste tipo de "apresentação" para representar um ano inteiro de actividades...

(e pronto, eu fiquei envergonhada e guardei a minha musicazinha portuguesa do "vamos para a praia" e "eu sou a água")

Porque afinal, descobri que dou aulas a crianças mas elas dão aulas a adolescentes, daí terem escolhido o high school que na minha ignorância penso ainda ser o liceu.

Não sei de onde é que vem esta tendência de antecipar comportamentos, cada coisa a seu tempo, deixem lá a Rihanna para mais tarde e toca a fazer coisas infantis com as crianças...

se calhar a infantilidade acaba na pré-escola e eu é que não sei.

fui à queima

e vi o Tino de Rans. Era exactamente como imaginei.

e pronto, agora só falta conhecer o emplastro para ficar com a caderneta completa.

:)

ah, e clã foi giro, como sempre.

Hoje à noite vai ser assim

Se eu tivesse um buraco...

Vou passar a deixar falar mais os meus alunos.

No meio de uma das minhas aulas, daquelas (irritantes) em que dou flauta de bisel* (o instrumento do demónio) estava uma aluna com o dedo no ar. Ora, como muito bem educadinhos que são, não falam sem eu autorizar. Eu (é claro) não a deixei interromper a magnífica interpretação da peça, só para dizer qualquer parvoíce, pensava eu. Até que ela se emancipou, e qual acto de revolta disse:

- Prof, eu sei que não devia estar a falar a meio da música, mas a professora tem a braguilha aberta...

Eu pensei:
1. dizer que a miúda via mal
2. fugir
3. chumbar a miúda
4. começar a andar de saia
5. chumbar os miúdos todos daquela turma por me terem visto de braguilha aberta
6. Lidar com a situação, calma e pacificamente, porque afinal, toda a gente tem braguilhas cujos fechos podem deslizar (filho da p*** do cabrão do fecho), vou deitar o cara*** das calças fora.

escolhi a opção 6, e como eu devo ser uma prof muito muito - e sublinho o muito - má* (e juro que nunca usei da violência - física pelo menos) acreditem, que nenhum deles deu uma risadinha sequer.

*aulas dadas de pé, de um lado para o outro, sempre a chamar a atenção para a minha pessoa.
**ou então não queriam mesmo chumbar.

Margarida é burra que até dói

Então não é que Margarida apagou a sua biblioteca do iTunes? É o que dá querer ter as pastas todas arrumadinhas e deitar o lixo fora...
(só que afinal não era tudo lixo)

E então não é, que Margarida não conseguiu restaurar os ficheiros que foram parar à reciclagem? e lá foram gigas e gigas de música...
(é que eu trabalho com ela)

e agora, com licença, que vou ali cortar o pulso esquerdo.

até cortava os dois, mas ainda tenho esperanças que me consigam fazer algum milagre das maçãs.

mesa de pic nic

Tenho saudades do tempo em que era estudante. Mas não daquelas saudades lamechas, daquelas a sério, com guerra de meias sujas e coca cola (digo, elixir da vida) ao pequeno almoço. (acho que o meu estômago ainda hoje se ressente disso). Sem dúvida, saudades, dos tempos em que contávamos os trocos para ir ao mc donald's, porque quando chegava a vez dos rapazes fazerem o jantar o menu era invariavelmente massa (ou pior, iscas de fígado), no belo do T0 na ajuda, ocupado por 4 pessoas, às vezes 5. Adorava o modo em como, naqueles 6 meses, barravamos a entrada ao homem do gaz, e entravamos 2 de cada vez só para não dar nas vistas, com medo que alguém nos expulsasse do prédio por excesso de ocupação. Viver fora de Coimbra mostrou-nos como poderiamos ser unidos, e fomos muito. Agora, (mais afastados mas não menos unidos) continuamos a contar os trocos, mas a subtrair, a pensar no IRS, a calcular honorários/h... E saber que corre lá fora uma queima das fitas que já não é nossa, mói como o caraças. Isto para dizer que queria era estar outra vez nesse T0, na ajuda ou noutro sítio qualquer, a contar até três para nos podermos sentar na mesa de jantar, que era azul, de plástico, e estava partida em duas pernas.

Era suposto isto ajudar...

mas continuo sem saber o que decidir...

O precariado

Há que saber que o precário trabalha sempre! Sim! Todos os dias da semana, independentemente de ser feriado, ou fim de semana...Trabalha, trabalha, trabalha mesmo quando não tem trabalho, trabalha! Há que saber que o trabalhador precário não pode ficar doente, não mete baixa, porque não há baixa que lhe valha. Sabem porquê? Porque o precário vive o dia a pensar nas contas a pagar todos os meses, naquilo que vai comer no dia seguinte, ou naquilo que vai poder dar de comer à sua família no dia seguinte... Então quando não tem trabalho, isto é, umas horas aqui, outras acolá, procura ter mais horas aqui e acolá, faz projectos, faz contactos, lima e transcreve currículos, envia cartas e correios electrónicos... O Precário trabalha sempre! Mesmo! O precário não tem férias, pois não tem direito a férias, posto que, se não “trabuca não manduca”, posto que nunca sabe o que vai ser o dia, a semana, o mês seguinte. O precário não sabe de feriados, não faz ferias, não tira uns dias... Não descansa! O precário não tem tempo. Não está contemplado pelas sábias e reveladoras estatísticas do IEFP. O precário é aquilo de que todos os governos sonham! Sabem porquê? Porque não entra nas estatísticas do desemprego, logo não conta. Porque não é um encargo maior para as empresas em que desempenha funções, logo não custa nada, posto que é ele quem paga tudo. Porque a preocupação do dia de amanhã é tão insustentavelmente pesada que o precário não tem tempo para falar com os outros precários, para se organizarem, para fazerem corpo, para exigirem direitos devidos e contemplados por lei, logo não é uma ameaça para o “bom” funcionamento do Estado.

por Ana da Palma.

fácil não, simples.

e lindo...

hoje estou assim