Vinte crianças dentro de uma sala, recém chegadas da aula de educação física. Mais de metade delas queixa-se que faltam coisas no estojo, na mochila... Posters das chiquititas, autocolantes, canetas e cola, etc... Enfim, fiz uma lista de todos os objectos desaparecidos no quadro, e esclareci os miúdos que até ao fim da aula ia tudo aparecer.
Tentava eu começar a aula, quando se instala um motim, todos os miúdos a apontarem o dedo a uma outra, acusando-a de ter roubado tudo o que tinha desaparecido.
Eu comecei com o meu discurso de que é muito feio acusar os outros, e de que devemos ter sempre provas para podermos apontar o dedo a alguém e blá blá blá...
Até que um puto mais inteligente disse: - "Prof. eu tenho a prova, não pode ter sido nenhum de nós porque estávamos na aula de ed. física, só a xxxxxxx é que ficou cá dentro porque não fez aula, portanto foi ela!".
Eu ainda tentei explicar que eles não eram a única turma dentro da escola, e que poderia ter entrado qualquer pessoa lá dentro, mas eles continuavam a achar que tinha sido ela.
E eu não tive outra opção, perguntei-lhe se ela o tinha feito, e ela disse que não. Então eu disse-lhe que, se dizia a verdade, não se ia importar de abrir a mochila e mostrar aos outros meninos que não estava lá nenhuma das coisas escritas no quadro, e ela concordou.
E estava lá tudo o que tinha desaparecido, apesar de ela insistir que não sabia como lá tinha ido parar.
Não percebi, fui procurar informação e...
"Há casos em que a criança furta um objecto que o colega tem e que ela também gostaria de possuir, mas que, por algum motivo, não possui. Nessas circunstâncias, a criança furta levada pelo prazer imediato de ter aquilo que deseja, sem avaliar as consequências a longo prazo, nem para si mesma, nem para a criança de quem subtraiu o objecto. Para ela, parece ser a única forma, ou a mais fácil, de usufruir de algo que quer. Casos dessa natureza requerem uma actuação dos pais no sentido de explicar à criança que ficar com aquilo que os outros têm não é a melhor forma de conseguir o que se deseja. Uma boa medida seria os pais ajudarem a criança a encontrar uma forma de ganhar o objecto: economizando a mesada, fazendo uma tarefa extra em casa ou outra solução que valorize o esforço da criança para obter o que quer. Também é importante que a criança devolva ao colega aquilo que lhe tirou. Esse tipo de situação geralmente envolve crianças pequenas, e pais e professores devem agir de maneira clara, mostrando à criança as consequências de seus actos, para que ela aprenda a forma adequada de agir."
isto diz a psicóloga - concordo, parece-me bastante simples e lógico - mas tentar explicar isto aos pais de uma criança, quando se trata de uma família daquelas pouco funcionais... daquelas em que a miúda leva de certeza uma tareia de meia noite, e está o assunto resolvido.
20.5.08
Situação constrangedora...
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