31.3.09
26.3.09
10ª aula de guitarra
Esta terça feira tive de faltar pelo que a 10ª aula de guitarra foi hoje, com outra turma.
Fiquei a saber que pertenço à turma dos seres menos dotados (assim os burrinhos). Gostei muito mais da aula de hoje. Toda a gente a esforçar-se e tal. E aquilo não é gente iluminada, é disciplina e perseverança - ou vontade e teimosia, não sei bem. (quem já aprendeu um instrumento sabe do que estou a falar)
Desta vez estamos num ensemble da "queda do império" e imaginem só, ficar com o baixo? Não, tive a sorte de ficar com a melodia toda para mim - ou seja - se me engano está tudo f*dido, e nunca mais ninguém se entende.
Basta dizer que com as colegas de hoje toquei o triplo e não bocejei nem uma única vez. (Não sei se repararam mas não houve nada a dizer sobre a 8ª e a 9ª aula - foi pasto pago).
É assim a vida. Repetir e repetir e ficar com bolhas nos dedos por ser sempre dedilhado.(Ainda agora me encolho quando toco com o indicador direito em alguma coisa - mas já a sei quase de cor.)
Diane Arbus
"A photograph is a secret about a secret. The more it tells you the less you know."
(Retired man and his wife at home in a nudist camp one morning, NJ, 1963)
25.3.09
Pausa de semínima ou pérolas nos testes dos meus alunos
O André podia não saber o nome da figura, mas o importante é que sabia exactamente para que servia - "sou a que pára a música quando é preciso".
23.3.09
há dias que sim
Tudo isto é sobre o silêncio. Ou música baixinho, mas nem tenho conseguido ouvir. A solidão é coisa que me assusta muito na vida, mas às vezes é tão - mas tão bom - estar sozinho. No silêncio. Já morei nas nossas 3 grandes cidades, e nessa altura não sabia o que era o silêncio. Ou então não precisava dele. Não entendia a felicidade que pode ser, decidir que não apetece jantar. E esse silêncio só aparece quando estamos ligados aos nossos pensamentos e nada interrompe. Ou que se pode trocar uma refeição decente por um prato de cereais, só porque sim. Eu sou uma pessoa que pensa muito. Preciso de tempo e calma para levar a vida a pensar. E fazer uma pilha de livros e folhas soltas e ninguém as tirar do lugar? Há dias em que é mesmo bom chegar a casa e o jantar estar prontinho, à espera de ser comido. E uma conversa aqui e acolá. Curiosamente não sinto falta de silêncio no trabalho (e os miudos são tão barulhentos). Poder tocar de madrugada quando não tenho sono, guitarra por cima da faixa que quero tocar. O piano porque não resultou. Mas para isso existe o take-away. Fazer um círculo das coisas que gosto à minha volta e dançar com a alma, como quando sabemos que ninguem está a ver. Fechar a porta e não voltar. Entro no carro e desligo o rádio - ele não funciona bem - e são os meus momentos de eu para mim.
Há dias que não.
21.3.09
porque hoje é dia mundial da poesia
e porque eu adoro poesia, ainda por cima à mesa, aqui vão os meus preferidos desta edição:
"Para ti criei todas as palavras
e todas me faltaram
no minuto em que falhei
o sabor de sempre"
(Mia Couto - raiz de orvalho e outros poemas)
18.3.09
17.3.09
12.3.09
10.3.09
O Miguel
O Miguel é um aluno que eu tenho na escola do fim do mundo. A mãe do Migel vai buscá-lo à escola todos os dias de motorizada e nunca lhe põe um capacete. Ele é um miúdo franzinito que me dá pela cintura, e eu tenho um fraquinho por ele. Hoje veio mostrar-me um livro de exercícios que estava rasurado de "LIVRO DO PROFESSOR" que a professora do apoio lhe deu porque ele não podia comprar. É que ele não aprende, mas ninguém sabe muito bem porquê. "Pelo menos tem apoio". O Miguel nunca tem borracha, nem lápis nem caneta. Como diz uma amiga minha, tem os tornozelos zangados com as calças e camisolas que não chegam aos pulsos. Tudo zangado com o skip, o ariel e o xau lá de casa. Mas o Miguel gosta das aulas de música. E abre os livros todos rasurados no inicio da aula, para me mostrar "só as páginas que têm os certos" como ele diz. O Miguel dá-me muito mais do que aquilo que eu lhe dou a ele. Eu gabo-lhe os certos e ele recebe-me sempre com um sorriso de abelhita a zanzar à minha volta. Porque raio não lhe compram um capacete? "Deixa-me pintar com os teus marcadores". Eu deixo. O Miguel senta-se com o pé debaixo do rabo, porque é tão pequeno que não chega bem à mesa se se sentar em condições. É lento a escrever. Uma vez passei-lhe a aula para o ajudar a despachar e a partir daí, sempre que precisamos do caderno, ele abre aquela página e fica a apreciar a minha letra. Há uns dias levei o Pedro e o Lobo e ele perguntou-me se aquilo é que era o cinema. Eu disse que sim.
9.3.09
6.3.09
Don't let go
Hoje, em duas horas, descobri que ainda posso ser muito feliz na vida.
5.3.09
uma palavra nova
Agógica: termo criado pelo musicólogo alemão Karl Riemann que designa as flutuações de tempo introduzidas na execução de uma composição musical, com o fim de deixar uma margem de expressão ao intérprete.
3.3.09
7ª aula de guitarra
Deu-se um fenómeno muito importante nesta aula: o prof acreditou que nós eramos capazes. Acho que isso foi perigoso - passamos de uma canção de dois acordes para uma que tem exactamente oito.
A canção é a "Somos livres" (uma gaivota voava... voava...), e a mim parece-me puxadinha. A boa notícia é que continuamos na onda 25 de Abril, porque tocar qualquer coisa como "Dunas" dos GNR pode ser mais fácil, mas muito mais assustador.
:)
2.3.09
presente maternal*
* acho que ela não se apercebeu que o livro é para crianças... Ou se calhar apercebeu. Mas eu gostei na mesma!
um dia e 500 km depois
Sinto-me sempre esquisita em sitios isolados como este das fotos aqui em baixo. Há um silêncio diferente, que não se consegue furar. Só cães e galinhas. E penso sempre que aquelas pessoas se devem sentir tão sozinhas, sem coisas para fazer, e que por isso se suicidam mais que nas cidades. Mas se calhar não sentem e não suicidam, não sei. Penso assim porque não moro lá.
Foi a noite mais escura que eu já vi.
Eu é mais pessoas.