Uma vez, mandaram-me o texto que está aqui em baixo. Foi há muito tempo, já não me lembrava dele. Mas hoje sem melhor para fazer, descobri-o no fundo do disco. Só vou mostrar uma parte. E agora, só queria umas linhas que lhe fossem equivalentes.
(Mesmo a propóstito o título...)
"Lonely memo
(...)
Isto começa a tomar uma forma um pouco idiota, mas a culpa é tua. Ontem disseste que adoravas ouvir as minhas tolices. Eu sinto-me bem a contar, como se a partilha as ampliasse e tornasse em algo interessante, que merece ser contado, nem que seja para ter o privilégio de te ter por perto, pronta a ouvir as banalidades inocentes de quem tem naturalmente mais para viver do que para contar. O esforço está concentrado em tentar não ser lamechas, mas é um bocado difícil.
Vou ser sincero. Hoje descobri o que é ter saudades a sério. Não foi aquele gostava que estivesses aqui..., foi mais parar no meio da confusão e acordar um minuto e meio depois, com o sabor a ti na boca e (até aposto) aquele sorriso na cara. Fiquei radiante. Foi isto que tu me fizeste (quase) sem quereres. Deste-me um motivo para sorrir porque existes, porque és tu e porque me deixas marcas que atravessam toda aquela confusão e me transportam para longe dela. E lá no fundo, porque me vais deixando fazer um pouco do mesmo em ti.
Os Radiohead estão a berrar no meu tímpano Everything in it’s right place, e pela primeira vez estou a achar uma enorme graça a toda a música. Sim, eu sei que nem tudo está in it’s right place, que nada é perfeito, mas, se só por um momento esta música depressiva e obviamente irónica me conseguiu pôr a pular por dentro, isso quer dizer que todos os meus esforços por não ser lamechas estão a cair por terra.
What’s the point?
O que se passa é que eu não consigo escrever nada de jeito. Não consigo, nem de longe, passar pelo teclado o que sinto. Até os pontos finais me levam um quarto de hora a escrever. Retomo ao primeiro parágrafo, mas com a diferença de me estar a questionar sobre o porquê de me dar tanto prazer escrever isto. A resposta? Quero agarrar-te e dizer com os olhos aquela estória que a minha língua não sabe sequer como articular. O problema? Agora não posso; e ter-te como destinatário faz-me sentir algures por lá, onde estavas, onde estás. Por isso, qualquer sentido que este texto possa ter é perdido num sentimento.
Por isso não, não estou à procura de uma ideia básica que ligue logicamente a prosa destas linhas. Gosto desta agradável confusão sintáctica, que em certa maneira reflecte a minha ansiedade de te rever – e o medo de não saber o que te dizer quando finalmente te abraçar de novo. Medo absurdo? Sem dúvida... para que são as palavras afinal?
Sinto a tua falta.
(...)
Gosto muito de ti, sabias? Mais do que é possível gostar de uma miúda de olhos castanhos... desculpa estar a ser tão fotográfico, mas esta é a minha ideia de honestidade. Adoro cada segundo que ganho contigo.
(...)
Um beijo que nunca vai acabar."
Comoveu-me outra vez. Acho que vai ser assim todas as vezes que o ler. E agora que o encontrei vou voltar.
12.7.08
Sábado à noite, sem a companhia dele
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