(não decidi ainda)
Palavras são idéias.
Múrmuro, o rio passa, e o que não passa,
Que é nosso, não do rio.
Assim quisesse o verso: meu e alheio
E por mim mesmo lido."
Ricardo Reis, Quanto sinto Penso - Odes
(não decidi ainda)
Pois é, uma pessoa recebe um subsídio de férias, coisa nunca vista e experimentada por estes lados e não consegue resistir a um telefonema de uma amiga venenosa que por sinal recebeu também o dela "Ah e tal precisava de ir às compras... Podias vir comigo... Jantávamos juntas..." E acontece que quando se está a sair do cabeleireiro (primeira paragem obrigatória no que envolve gastos estúpidos e descabidos) com o cérebro meio comido e meio queimado, nem se pensa duas vezes - "Já passo em tua casa" e lá fomos. Confesso que já tinha saudades de uma saída de gajas, assim para compras - coisa que nunca fiz muito, preferia comprar o essencial, discreta e comedidamente, mas que quando acontecia sabia sempre bem. Lá que é divertido, ninguém pode negar. Ora experimenta lá esta que não me ficou bem, ora se elogia, ora se faz cara de isso-nem-pensar. Rir das figuras no provador quando se fala alto, sair e ver pessoas de cabeça a abanar porque ouviram a conversa toda... Palmilhar ruas e lojas, espreitar provadores errados, afastar-me de fininho e vê-la comentar padrões com alguém desconhecido... e rir muito, e jurar que não se compra mais nada - afinal o subsídio não foi assim tão grande - e depois é que vem a paixão por aquela mala e aquele casaquinho e a outra camisa, que afinal sempre pode servir para ir trabalhar, como se isso significasse algum retorno financeiro do investimento. Ah, e sem dúvida foi conseguido um feito heróico - comprei um vestido, que não é de praia. Mas ainda ninguém me conseguiu separar do preto, cinzento e azul escuro. Estão no bom caminho, talvez para a próxima.
que o Yann Tiersen esteve na Casa das Artes a semana passada.
Hoje troquei isto: